Não te esforces poeta.
Prefere ser anónimo
do que falsamente
admirado por quem
não presta.
José da Fonte Santa
Esta semana, ao pesquisar na Internet, descobri que as Edições Colibri (em colaboração com a Câmara Municipal de Santiago do Cacém) tinham publicado duas obras sobre José da Fonte Santa. Através do email da editora requisitei imediatamente esses dois livros. Recebi-os hoje, e leio-os com alguma avidez. Pelas leituras fiquei a saber que o Sr. Zé faleceu no ano de 1998.
Conheci o Sr. Zé (como gostava de o chamar, apesar de me pedir várias vezes para não o tratar por Senhor) em Santiago do Cacém no ano de 1981. Encontrava-me diariamente com ele no Café Ribatejano, onde gostava de o ouvir falar de literatura, de política, do passado e outras histórias. Falava-me de Tolstoi e de outros escritores como me falava das ruas de Santiago e das suas gentes. De igual modo me falava das lutas políticas que travara contra o regime de Salazar. Ou das várias histórias que vivera ao longo da sua vida. Homem culto, galã, com princípios muito consistentes dos quais não abdicava. Era um conversador genuinamente nato.
Um dia mostrei-lhe um poema meu. No dia seguinte ofereceu-me um desenho da sua autoria e no canto superior esquerdo escreveu: "Ao poeta Fernando Almeida" - Ass. José da Fonte Santa. Fiquei atrapalhado. Mostrara-lhe um poema e tratava-me por poeta!? Reparou no meu embaraço e disse-me: " Quem escreve um poema destes, é porque é poeta". Mais embaraçado fiquei. O Sr. Zé era assim ... , uma pessoa generosa e solidária. Os outros estavam sempre em primeiro lugar.